Superando as infecções por RAM pela inovação
Como cientistas no campo das doenças infecciosas, o trabalho de nossas vidas é pesquisar e desenvolver soluções para algumas das questões de saúde mais desafiadoras e perigosas do mundo. Embora tenhamos feito enormes avanços ao longo das últimas décadas, a resistência antimicrobiana (RAM), reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma das 10 maiores ameaças à saúde global,1,2 pode ameaçar muitos dos progressos que fizemos.
Enquanto observamos a Semana Mundial de Conscientização Antimicrobiana, é importante conscientizar sobre esta ameaça crescente. A RAM ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas se modificam ao longo do tempo e deixam de responder a antibióticos e outros medicamentos antimicrobianos. Em alguns casos, a resistência pode ocorrer em relação a múltiplos tratamentos – conhecida com resistência a múltiplos medicamentos (RMM). Como resultado, infecções que costumávamos tratar facilmente – como a pneumonia ou tuberculose – podem se tornar cada vez mais difíceis ou impossíveis de tratar.3 Uma das maiores preocupações em relação aos perigos da RAM ocorrem nos estabelecimentos de saúde modernos – ao passar por cirurgias eletivas ou ser internado no hospital ou em unidades de cuidado intensivo, os pacientes recebem antibióticos para evitar infecções bacterianas adquiridas no hospital e desenvolvimento de sepse. A RAM pode inutilizar os antibióticos, tornando cirurgias e hospitalizações muito mais perigosas.4 Isso é ainda mais preocupante, uma vez que não foram descobertas novas classes de antibióticos desde os anos de 1980, o que aumenta o desafio de tratar infecções bacterianas resistentes.
Relatórios recentes demonstram que a RAM causa um número estimado de 700.000 mortes anualmente, em todo o mundo – e estima-se que aumente para mais de 10 milhões anualmente até 2050. Este número é mais alto que as mortes estimadas por câncer (8,2 milhões) e diabetes (1,5 milhões).4 A pesquisa também mostrou que o aumento nas hospitalizações e uso de antibióticos durante a pandemia da COVID-19 pode contribuir ainda mais com a RAM.5
As duas principais bactérias que estão causando o maior percentual de mortes relacionadas a infecções bacterianas são E. coli patogênicos extra-intestinais (ExPEC) e Staphylococcus aureus (S. aureus). E. coli e S. aureus causam aproximadamente dez milhões e três milhões de casos, respectivamente, de doenças invasivas como sepse todos os anos. Esses casos resultam em, aproximadamente, um milhão de mortes pelo E. coli e 500 mil mortes pelo S. aureus em todo o mundo a cada ano.*6,7 Uma fonte comum de infecções ExPEC são infecções do trato urinário (ITU), contraídas em ambientes comunitários e de saúde, que respondem por 25% das prescrições de antibióticos.8
Embora as estatísticas sejam preocupantes, a comunidade científica e de saúde global já está trabalhando no enfrentamento da RAM – identificando suas causas subjacentes e desenvolvendo soluções.
As causas e desafios da RAM diferem em vários países do mundo, mas acreditamos que, além de conscientizar sobre a RAM e a gestão dos antimicrobianos, a comunidade científica pode ajudar a reverter a tendência do aumento de infecções por RAM de três maneiras principais:
- Evitar que indivíduos adquiram infecções resistentes
- Tratar infecções relacionadas à RAM de forma adequada
- Descobrir e desenvolver novas ferramentas específicas para enfrentar a resistência a medicamentos
Na Janssen, nós inovamos e defendemos a superação da ameaça da RAM. Nossa equipe de dedicados líderes e cientistas de excelência está determinada em fornecer vacinas e terapêutica específica contra alguns dos patógenos bacterianos mais mortais do mundo. Do laboratório até a reta final, nós investimos em pesquisa, capacidades e colaborações globais para criar as soluções necessárias para deter a RAM.
Nossos pesquisadores – em colaboração com nossos parceiros acadêmicos e do setor, líderes no mundo, como a Locus Biosciences – estão explorando tecnologia bateriófaga aprimorada por CRISPR-Cas3 para desenvolver tratamentos específicos para infecções bacterianas respiratórias e em outros sistemas do corpo, com o potencial de oferecer tratamentos que salvem a vida de pacientes com infecções, como por Pseudomonas aeruginosa (PA), que são resistentes às terapias disponíveis atualmente. Também somos umas das poucas empresas priorizando o desenvolvimento de vacinas para proteger as pessoas da E. coli e da S. aureus, as duas maiores causas de sepse. O objetivo do nosso programa de vacinas é reduzir as devastadoras consequências das infecções, dependência de antibióticos e o risco de RAM.
A complexidade da RAM e seu potencial para um impacto pandêmico na comunidade global significa que devemos nos unir a organizações ao redor do mundo para enfrentar este desafio. Embora a meta seja ambiciosa, nós impulsionaremos os aprendizados dos esforços ao redor do HIV, erradicação da poliomelite e, mais recentemente, COVID-19. Juntos, vamos reforçar a base da medicina moderna e proteger os ganhos duramente conquistados contra as ameaças à saúde.
*OBSERVAÇÃO: As estatísticas em relação às infecções e mortes causadas por ExPEC e S. aureus são baseadas em números nos EUA que foram multiplicados por um fator de 22, extrapolando o total da população dos EUA para o total da população mundial.
November 18, 2021
1 Organização Mundial da Saúde. Disponível em: https://www.who.int/vietnam/news/feature-stories/detail/ten-threats-to-global-health-in-2019. Último acesso: Novembro de 2021.
2 Organização Mundial da Saúde. Disponível em: https://www.who.int/news-room/spotlight/10-global-health-issues-to-track-in-2021. Último acesso: Novembro de 2021.
3 Antimicrobial Resistance. Organisation mondiale de la santé. Disponible sur : https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/antimicrobial-resistance. Último acesso: Novembro de 2021.
4 Review on antimicrobial resistance. Tackling drug-resistant infections globally: Final report and recommendations. Disponible sur : https://amr-review.org/sites/default/files/160525_Final%20paper_with%20cover.pdf. Último acesso: Novembro de 2021.
5 Pelfrene, E., et al. Antimicrobial multidrug resistance in the era of COVID-19: a forgotten plight?. Antimicrob Resist Infect Control. 10, 21 (2021). https://doi.org/10.1186/s13756-021-00893-z. Último acesso: Novembro de 2021.
6 Russo TA and Johnson JR. Medical and economic impact of extraintestinal infections due to Escherichia coli: focus on an increasingly important endemic problem. Microbes Infect. 2003;5: 449–456.
7 Kourtis AP, Hatfield K, et al., Vital Signs: Epidemiology and Recent Trends in Methicillin-Resistant and in Methicillin-Susceptible Staphylococcus aureus Bloodstream Infections — United States. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2019;68:214–219.
8 Longitude prize. 10 most dangerous antibiotic-resistant bacteria. Available at: https://longitudeprize.org/blog-post/10-most-dangerous-antibiotic-resistant-bacteria. Último acesso: Novembro de 2021.